segunda-feira, 1 de março de 2010

B-roken.


          O frio era intenso naquela tarde de Domingo.

Ao acordar, ela coloca o braço no outro lado da cama, lado esse que hoje estava vazio. Não sentindo nada, ela abre os olhos devagar, observando o lugar vazio que lá estava. Um lado da cama estava quase arrumado, como se alguém tivesse arrumando após levantar.
O susto de não vê-lo ao seu lado como todos os dias a fez levantar. Seus olhos escuros viravam mel quando refletidos pela luz do sol. A pouca luz do dia lutava contra a fina cortina branca que cobria a janela do quarto.
Ela o procura por toda casa e o que ela encontra era uma carta que dizia:

Quando é que você vai deixar o vento que sopra por entre seu cabelo ser mais do que brisa? Quando é que eu vou testemunhar por trás dos olhos algo mais do que sentimentos escondidos? Quero que um dia acordes como destinatária e, aí sim, me respondas, usando o verso que vires a escolher. E esses versos serão nossos para todo o sempre, pois somente nós conversamos assim. Somente nós desacreditamos tudo e lançamos a todos o mesmo olhar descrente e decepcionado. Esteja aqui quando eu gritar. Estava aqui quando eu precisar. Esteja aqui,e me faça continuar. Eu te amo.
Steven P.”

 E nem todo esforço que ela vir a fazer, seria capaz de parar as inúmeras lágrimas que caíam sobre seu rosto. E seria em vão. O vento forte fazia seu cabelo dançar. E não adianta dançar depois que a música para.
E nada lhe faria perder a atenção segurando aquela folha de papel.
E são raríssimos momentos que estamos tão sozinhos a ponto de ouvir nossos batimentos cardíacos. Basta fechar os olhos. É na escuridão que ela tenta encontrar tudo aquilo que perdeu achando que, ao lhe encontrar, não mais precisaria de nada. E ela jamais esteve tão apegada ao presente, jamais esteve tão alerta, tão atenta, tão sedenta pela luz do sol e, principalmente, por essa não-luz da noite.
O tempo havia fechado completamente, já não havia mais sol.
E eis que todos os sentimentos ruins de se guardar, toda a angustia e a tristeza, sublimaram, evaporaram e acabaram por contaminar a chuva. No entanto, tudo isso que eu deixei escapar das minhas mãos, está, agora, no ar. Cobre a tua cabeça, pois a chuva será forte, será intensa, e será ácida.