domingo, 8 de março de 2009

Bath tub.

As palmas das mãos cobrem-se de suor, as faces ficam afogueadas. Joelhos viram geléias, os olhos chispam, dá um aperto na boca do estômago. Pele arrepiada, coração disparado. Fala-se alto demais ou baixo demais, sorrisos incontrolados escapam por todos os poros. Segredos são revelados e um fluxo de energia incendeia o organismo. Uma expressão abobalhada toma conta do semblante e começa-se a falar por diminutivo. Todo mundo sabe o que é isso. “O fogo que arde sem se ver, a ferida que dói e não se sente” (Camões), o sentimento que “Move o sol, como as estrelas” (Dante), “A força obscura e potente que dissolve membros” (Safo) ou que “Que mexe com a minha cabeça e me deixa assim” (Zezé de Camargo e Luciano). É o amor. Louco, delicioso, tolo, embriagante amor, principio unificador do cosmos, segundo filósofos gregos, motor de todos os poetas, o êxtase celestial e doce tormento de todos os apaixonados, alegria de todos os comerciantes nesse Dia dos Namorados. Ou era, até que os cientistas resolvessem prestar mais atenção num sentimento tão poderoso e, diziam, tão negligenciado pelos estudiosos do comportamento humano. Daí ele descobriram: a dopamina, a norepinefrina e, principalmente, a feniletilamina em ação.

“Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas”, suspirava o poeta Pablo Neruda. “Um combate de relâmpagos e dois corpos por um só mel derrotados”. Mas quem aguenta tanta tempestade, raios, terremotos e outras comparações telúricas que o estado alterado do amor produz, por tempo indeterminado? Segundo os cientistas, só mesmo se um grande obstáculo – como enormes distâncias ou uma aliança de casamento na mão de outro parceiro - impedir a constante proximidade. Nos amantes com mútua facilidade de acesso, o estado químico de euforia intensa não dura mais do que dois ou três anos. Depois do período de cerrado bombardeios, especula-se que as terminações nervosas ficam saturadas ou os próprios centros de produção de elementos químicos do amor se exaurem.

Nenhum comentário: